A criada é um filme sul-coreano repleto de mistério, além de um romance entre as duas protagonistas, Lady Hideko (Min-hee Kim) e a criada Sook-Hee (Tae-ri Kim). Com uma fotografia lindíssima e uma estética impecável, marca registrada do diretor Park Chan-wook, ele é – literalmente – uma obra de arte. O trailer está no Youtube e você pode baixar aqui (com legendas) ou assistir online, legendado ou dublado. O filme também já está disponível na Netflix, aqui.
Pensei em incluir na lista de filmes felizes sobre amor entre mulheres, mas decidi não fazer isso porque apesar de terminar bem, definitivamente não é uma história leve. O filme tem conteúdo adulto e aborda temas como abuso sexual, abuso infantil, suicídio e tortura. As cenas não são explícitas (nada que se compare, nem de longe, a Irreversível ou Um filme sérvio) e a produção é bem sensível, mas ainda pode ser difícil assistir. De qualquer forma eu acho válido avisar logo pra ninguém ser pego de surpresa por esses assuntos tão desagradáveis, certo?
Mesmo assim, A Criada merece uma recomendação. Considerado tanto um suspense psicológico quanto um suspense erótico, é um filme extremamente sensual e cheio de reviravoltas no enredo. As quase três horas de duração são justificadas: quando você pensa agora sim, eu entendi o que está acontecendo, a narrativa vai lá e te surpreende de novo. No fim das contas, a sensação é que a gente assistiu a mesma história contada de umas três formas diferentes!
O filme é baseado no romance da escritora britânica Sarah Waters, Na ponta dos dedos (em inglês Fingersmith), que em 2005 ganhou uma adaptação para a TV britânica em forma de minissérie. No Brasil a série ganhou o nome de Falsas aparências e, se você quiser assistir, os episódios foram compilados em um longa-metragem disponível no Youtube (dica do nossa leitora L, que mencionou a adaptação nos comentários)!
A história original se passa na Inglaterra, na Era Vitoriana. Já em A Criada, Park chan-wook adapta a ideia para Coreia do Sul dos anos 1930 – época em que o país esteve sob domínio do Japão. Lady Hideko é uma herdeira japonesa, mas sua fortuna e destino são controlados pelo despótico tio Kouzuki (Jin-woong Jo). Sook-Hee entra em cena quando o vigarista interpretado por Jung-woo Ha resolve se passar por nobre pra conquistar Hideko, e assim roubar a herança da japonesa. Em troca de um pagamento vantajoso, Sook-Hee aceita trabalhar como criada na mansão e fazer a sua senhora se apaixonar pelo falso conde. Ela só não esperava ficar tão encantada por Hideko, a bela e tímida herdeira.
Quando a trama se desenrola, o público descobre que nada é exatamente o que parece. A luxuosa casa esconde segredos sórdidos e Lady Hideko talvez não seja tão inocente quanto Sook-Hee pensava, mas será que ela pode corresponder os sentimentos da sua criada? Para descobrir, vocês terão que ver o filme!
…e viveram felizes para sempre
Uma das surpresas positivas de A Criada é o final feliz para as personagens. Nenhuma das duas morre, yay! E apesar de muitas vezes adquirir um tom sombrio, o desfecho da narrativa não poderia ser mais justo. Não vou dar spoilers pra não estragar o mistério, mas o que acontece é o contrário de dramas como Brokeback Mountain, onde o casal vive uma linda história de amor que termina de forma trágica. Aqui a tragédia existe, o próprio drama é um elemento fundamental no enredo, só que o final é feliz e deixa a gente com uma sensação de alívio. Ainda bem.
Minha única crítica – se é que posso chamar isso de crítica – é o filme ser bonito demais. Em certos momentos o diretor parece deixar o realismo de lado em nome da estética. O que não prejudica a qualidade narrativa e o resultado é uma obra de extrema beleza, é claro, mas cá entre nós as cenas íntimas entre as duas protagonistas podiam ter sido um pouquinho mais autênticas. Apesar de tudo isso é apenas um detalhe, e não impede que a gente curta a história e se emocione com o destino das heroínas.
Como Entre a lei e o salto, A Criada despertou meu interesse pelo teor de novidade, diferente dos enredos clichê que a gente costuma ver com protagonistas LGBT. E para quem ficou curioso, aqui ainda tem a sinopse do livro que o inspirou! Só que o link traz alguns detalhes sobre a trama que podem “estragar” as surpresas do filme, então eu recomendo assistam primeiro antes de procurar saber mais sobre o livro.
Sério, gente, assistam! Vale a pena.
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