Original da Netflix, Joy mostra a realidade do tráfico sexual

Em maio teve muita coisa legal estreando na Netflix, e talvez por isso a divulgação de Joy – um filme original da plataforma – tenha ficado assim, meio de lado. O que é uma pena, porque a produção é excelente. Então hoje eu vim recomendar esse filme, e vocês já podem assistir aqui. Como ele trata de exploração sexual e tem menções a estupro e outras formas de abuso, eu deixo também um aviso de conteúdo, porque é sempre um tema pesado, difícil de assistir. Mesmo assim, não tem cenas apelativas. Pelo contrário, as situações mais pesadas acontecem fora de câmera, ou ficam implícitas. Quem puder ver, está aí a minha recomendação. Vamos dar uma olhada na sinopse?

“Na Áustria, uma prostitua nigeriana – a protagonista Joy – conta os dias para quitar suas dívidas, enquanto ensina o ofício a uma novata e avalia os perigos de pegar um atalho para a liberdade.”

Joy, um filme da Netflix

 

Joy é uma dessas produções que falam pouco e dizem muito. E, em muitos momentos, é de um silêncio perturbador – mesmo quando podemos ouvir as vozes das personagens. A protagonista é uma mulher nigeriana que deixou o seu país para trabalhar na Europa como garota de programa, e hoje ajuda a sustentar a família na África, incluindo um pai doente. Quando uma garota nova chega na casa, Joy recebe a tarefa de ensinar a ela o que é necessário para se dar bem nas ruas. Embora Joy assuma uma postura protetora em relação à menina, ela sabe que não pode colocar sua própria segurança em risco por outra pessoa. No mundo em que elas vivem agora, não se pode confiar em ninguém – e a jovem Precious também precisa aprender isso.

 O filme mostra muito bem a realidade da prostituição, e suas diferentes facetas. Como a solidão das mulheres que dependem do trabalho sexual para sobreviver, a sororidade que existe entre elas – mesmo contra todas as expectativas – e as condições em que se encontram tantas pessoas que deixaram seus países fugindo da pobreza. Mais ainda, o drama evidencia como o governo tem falhado sistematicamente com essas mulheres. Não há a menor assistência para quem, como Joy, quer deixar a profissão ou denunciar as pessoas que a exploram, e a tantas outras garotas. Enquanto mulher, negra, pobre e imigrante, Joy se vê desemparada por todos aqueles que deveriam ajudá-la. Incluindo a própria família, o namorado, e as instituições sociais a que ela recorre.

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Joy Anwulika Alphonsus, atriz austríaca que interpreta a protagonista (Fonte)

Sério, não deixem de assistir Joy. Nem que seja pra acrescentar mais um argumento ao debate recorrente sobre a prostituição. Aqui tem o trailer legendado em português.

Vou aproveitar e recomendar também o documentário Putta, que eu comentei no blog. Para quem quiser assistir, ele está disponível no Youtube e na Libreflix, e vale muito a pena ver! O documentário nos apresenta três mulheres com histórias de vida distintas, mas um ponto em comum: todas elas são, ou foram, prostitutas em Foz do Iguaçu. Com uma narrativa que humaniza as três mulheres, Putta introduz várias perspectivas sobre o tema, e nos leva a refletir sobre a questão do trabalho sexual no Brasil.

Ainda sobre o nosso país, outro documentário interessante é Tráfico de mulheres para fins de exploração sexualque assim como Putta está disponível no Youtube. Não é um tema fácil, mas o tráfico de pessoas e a exploração sexual das mulheres é algo que nós, enquanto sociedade, não podemos mais ignorar. Ou melhor, continuar ignorando.


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Popular na Netflix, a série Dirty John é um caso real e devastador

Talvez vocês tenham assistido, ou pelo menos ouvido falar sobre a série Dirty John – O golpe do amor, uma produção do canal Bravo que está disponível na Netflix. Ela é uma das novidades da plataforma e foi comparada a Você, que tem feito bastante sucesso. A atriz Connie Britton interpreta a protagonista Debra Newell, junto com Eric Bana, que – com uma excelente performance – faz o personagem título, John Meehan. O que nem todo mundo sabe é que a série é baseada em uma história real. Quem não usa a Netflix pode assistir a produção online, dublada ou com legendas.

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Eric Bana e Connie Britton em Dirty John – O golpe do amor (Fonte)

É uma ótima pedida para quem curte esse clima de mistério, suspense policial e crimes reais. Não vou entrar em muitos detalhes sobre a história para não dar spoilers, mas eu gostei bastante. Para resumir, Debra conheceu John num site de relacionamentos, e se apaixonou por ele. Em poucas semanas os dois estavam morando juntos, mesmo contra a vontade da família dela. Debra já tinha sido casada algumas vezes, e suas duas filhas – ambas jovens adultas quando ela conheceu John – desconfiaram de Meehan desde o início da relação. Encantada por ele, Debra ignorou todos os “sinais” de perigo. John se apresentava como médico anestesista, também separado, mas inteligente e charmoso, sempre prestativo, carinhoso e dedicado. Ou seja, era tudo o que Debra procurava em um parceiro. Ela atribuiu essa desconfiança das filhas a ciúme, implicância e excesso de preocupação, e se recusou a afastar John da sua vida.

Até a própria Debra começar a perceber alguns comportamentos estranhos no homem com quem ela se casou. John mentia sobre o seu passado, sobre o seu emprego, sobre a sua família e seu dinheiro. Porém, quando confrontado, ele parecia ter uma resposta – uma boa resposta – para tudo. Debra Newell se viu dividida entre os sentimentos que ela nutria por Meehan e as evidências que ela e a família descobriram. Sobre uma coisa, porém, não restava mais dúvidas: John Meehan não era quem ele dizia. Parece mesmo um thriller dos bons, né? Pois é. E sabem de uma coisa? A história real por trás da série é tão espantosa quanto a ficção. Se não mais. Quem não acredita nisso, pode conferir o documentário Dirty John: A verdade nua e crua, também disponível na Netflix.

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Os verdadeiros John Meehan e Debral Newell (Fonte)

É sobre essa parte verídica da produção que eu quero falar hoje. O documentário Dirty John: A verdade nua e crua traz depoimentos de Debra Newell e das suas duas filhas, e da primeira mulher de John, Tonia – além de profissionais envolvidos nas investigações contra ele. A história real é de partir o coração. Meehan não enganou apenas Debra e Tonia, mas várias mulheres com quem ele se envolveu ao longo dos anos. Incluindo a escritora brasileira Marileide Andersen, que mora nos Estados Unidos e se tornou uma das vítimas dele. No documentário, Marileide desabafa sobre as tentativas de extorsão e ameaças de morte que sofreu nas mãos do americano. A escritora passou momentos de terror, e não foi a única. John tinha várias ordens judiciais restritivas contra ele, que foram solicitadas por outras mulheres para impedir que ele se aproximasse delas (e nós temos um mecanismo semelhante na justiça brasileira). Meehan chegou a encomendar a morte de uma investigadora que atuava no seu caso, a detetive Julia Bowman.

A série Dirty John pode ser apenas mais uma peça de entretenimento, mais um seriado para a gente maratonar quando estiver de bobeira – não muito diferente de Você ou até mesmo Elementary – mas a história real por trás da narrativa nos chama a atenção para a existência de pessoas como John Meehan. E, principalmente, para como é fácil você se tornar a “próxima vítima” de alguém assim. Fácil, sim, porque Meehan não era só um vigarista explorador de mulheres. Ele não era só abusivo, ele era um predador.

Meehan selecionava essas mulheres. Quando escolhia uma nova vítima, ele procurava sempre vulnerabilidades que ele pudesse explorar. Isso é algo que precisa ser dito, e repetido: o fato de Debra e Tonia terem sido enganadas por Meehan não as torna fracas nem pouco capazes. Pelo contrário. Assim como Marileide Andersen, e todas as outras pessoas que foram vitimadas por ele. Em Dirty John: A verdade nua e crua, Meehan é descrito como um camaleão, alguém que se moldava exatamente naquilo que a pessoa queria ou precisava no momento. Dennis Luken, um dos detetives que investigaram os crimes de Meehan, disse que John é a pessoa mais traiçoeira que ele conheceu. “Após um total de quarenta anos, eu posso dizer que ele é a pessoa mais traiçoeira, perigosa e desonesta, e provavelmente existem muitas coisas que John fez e nós nunca, jamais ficaremos sabendo”. Não é por acaso que, para Debra, Meehan era “tudo aquilo que ela procurava em um homem”. Ou que, para Tonia, os dois tinham um casamento realizado, uma vida feliz. Todo mundo tem vulnerabilidades, o Dirty John apenas sabia muito bem como explorar cada mínima insegurança, e tirar vantagem disso.

E é nesse ponto que eu queria chegar: John Meehan também não é único. Existem, sim, mais pessoas como ele. Pessoas que talvez não cometam atos com a mesma gravidade, ou que não sejam capazes de matar como John provou – em mais de uma ocasião – que era, mas que constantemente manipulam, exploram e abusam de outras pessoas para tirar vantagem. John Meehan é um caso extremo, é claro, só que esse comportamento manipulador também acontece em doses menores, “menos” graves. E Meehan, além de ter uma necessidade de controle, ainda precisava alimentar seu vício em drogas, o que o tornava muito mais perigoso e propenso a ataques violentos. Isso não significa que as tentativas de manipulação e abuso sempre vão acabar em tragédia, em violência física ou em crimes graves, como acontece em Dirty John. É importante a gente estar atento para esse tipo de comportamento também no dia a dia.

Não estou dizendo que seja algo tão comum, nem que a gente deva banalizar as ações de alguém como John Meehan. Tem muita gente que é babaca e é só babaca, tem muito relacionamento que acaba mal sem que nenhum dos dois seja um abusador. Claro que tem, mas também tem gente que adota, sim, um comportamento predatório nas suas relações pessoais. Gente que procura as pessoas com vulnerabilidades que possam ser exploradas – como baixa auto-estima ou alguma insegurança – e se aproveita disso pra tirar vantagem. Gente que explora a inexperiência, a bondade e a fragilidade emocional das pessoas contra elas, que usa essas pessoas e depois parte direto pra próxima vítima. Eu acho que Dirty John: A verdade nua e crua, o documentário, ajuda a entender isso. Enquanto a série foca mais no suspense, no desenrolar da história, o documentário (e o podcast que desencadeou a produção) dissecam mais o comportamento de John, suas atitudes predatórias que seguiram um padrão, uma estratégia para dominar o seu alvo. Pode ser uma boa ferramenta para ajudar a identificar esse tipo de pessoa, que utiliza a manipulação emocional e psicológica para conseguir o que quer. Se for possível, até pra mostrar a pessoas que estão vivendo algo parecido agora que isso não é normal, e que certamente não é amor. E que ninguém merece – ou precisa – passar por isso.

Nem sempre o objetivo final é dinheiro, por exemplo. Às vezes, pode ser a estabilidade, a segurança que a outra pessoa pode oferecer – como Debra oferecia a John. Pode ser o acesso à moradia, a um carro ou itens de conforto físico. Ou ainda, coisas que não têm nada a ver com bens materiais. Tem gente que manipula os outros simplesmente para suprir uma vaidade, uma certa necessidade emocional. É o caso daquelas pessoas que mantém alguém por perto só pra alimentar o próprio ego – alguém que faz a namorada se sentir sempre “mais feia”, sempre a pessoa “menos desejável” da relação; ou que faz questão de dizer ao parceiro que é “o melhor que você pode arranjar”. Eu dei exemplos de relacionamentos amorosos porque é onde esse tipo de manipulação mais acontece, mas não podemos esquecer isso também existe em amizades.

Então, se eu puder dar um conselho para vocês hoje, que seja esse: por favor, assistam o documentário. Prestem atenção na forma como as pessoas entrevistadas descrevem John Meehan, e acima de tudo, o comportamento dele. As estratégias dele. A primeira tática que John Meehan usou foi isolar as “presas” do seu círculo social, dos amigos e de familiares, das pessoas que poderiam oferecer apoio. Isso fica muito claro na relação dele com as filhas da Debra. John usou os pequenos atritos entre ele e as garotas pra afastá-las da mãe. Situações que (caso ele fosse bem-intencionado) poderiam ter sido resolvidas com conversa, paciência e maturidade da parte dele. Ao invés disso, Meehan exagerava as discussões, distorcia a situação para jogar a culpa nas garotas, e com isso ganhava o “direito” de exigir que Debra se afastasse delas. Depois, ele usou o amor que a Debra sentia por ele para garantir que ela mantivesse suas filhas sempre à margem, excluídas do contato diário, mais próximo com os dois. Pessoas que estão tentando te manipular e te controlar vão fazer isso, vão usar pequenas diferenças com seus amigos e discussões bobas pra colocar uma distância entre vocês. O objetivo é isolar a vítima, o que a torna mais suscetível à manipulação e aumenta o controle do abusador.

Outra coisa que o Meehan fazia era distorcer qualquer acusação em favor dele. Toda vez que ele era pego em uma mentira, ou em uma situação suspeita, ele conseguia “se safar” ao fazer parecer que ele era a vítima. Quando a Debra abre uma carta que era endereçada a ele – e chega perto de desvendar um dos seus segredos – John a acusa de violar a sua correspondência, algo que é considerado um crime. Ele diz até que a Debra poderia ser presa por isso, invertendo completamente a situação. Nas discussões com as filhas dela, Meehan sempre dá um jeito de colocar a culpa nas garotas. Ele nunca é o culpado, nunca é o responsável por nada de errado. É sempre o outro. No início, ele faz isso para isolar a Debra, mas depois John usa esse mesmo recurso para impedir que ela descubra os crimes dele. Afinal, toda vez que Debra percebe algo errado, Meehan dá um jeito de colocá-la contra a parede, invertendo os papéis e fazendo com que Debra comece a pensar que talvez a errada seja ela, mesmo. Isso é gaslighting.

Se você consegue identificar comportamentos parecidos em alguém próximo, seja um amigo ou namorado, fique de olho. Comece a prestar atenção. Especialmente se você perceber que isso acabou te afastando dos seus outros amigos, da sua família, dessas pessoas com quem você mais convivia. Tente retomar o contato com essas pessoas. E eu falei “amigo”, “namorado”, mas essa não é só uma questão de gênero. Pelo contrário. É possível que a manipulação e o abuso sejam cometidos por uma mulher – assim como isso também pode acontecer entre casais gays e pessoas LGBT em geral. Então se você tem uma amiga ou namorada que faz essas coisas, também fica de olho. Presta atenção nos “sinais” de perigo. Se alguém parece “bom demais pra ser verdade”, se algo te deixa desconfortável, não ignora esses avisos. Escuta a sua intuição. Se você tem a sensação de que essa pessoa está de alguma forma se aproveitando das suas inseguranças, se ele ou ela parece usar suas vulnerabilidades contra você, por favor, cuidado. E eu vou falar de novo, porque isso é fundamental: não deixa essa pessoa te isolar. Desconfie sempre de alguém que te quer “só pra si”, alguém que parece te afastar de todos os seus amigos e familiares. Desconfie de alguém que é sempre a vítima, e que te faz parecer sempre o responsável por todos os problemas da relação.

Quando você tiver um tempo, assista o documentário Dirty John: A verdade nua crua, e pense sobre tudo isso que eu falei hoje, ou a série. Comece por aí.

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Eric Bana como John Maheen na série Dirty John – O golpe do amor (Fonte)

Pra quem for assistir a série ou o documentário, a narrativa às vezes pode parecer meio confusa – porque tem uma porrada de gente envolvida, e um montão de coisa absurda acontecendo simultaneamente. Vou deixar umas dicas para facilitar a vida de vocês! O Cinestra publicou uma descrição das pessoas envolvidas no caso, e o Mix de Séries fez uma linha do tempo com os crimes de John Meehan. Além disso, é legal saber que essa história toda foi divulgada primeiro pelo jornal Los Angeles Times, através do podcast Dirty John. Apresentado por Christopher Goffard, o podcast foi lançado em 2017, com participação de Debra Newell e a sua filha Terra Newell, Tonia Bales, o detetive Dennis Luken, e outras pessoas envolvidas. Embora não aborde tudo o que documentário – e a série – tentam esclarecer, foi graças ao podcast que o caso ganhou notoriedade.


Se você gosta de dramas investigativos como Dirty John, confira outras produções baseadas em crimes reais! Não deixe de curtir o Estanteante também no Facebook

Chegou na Netflix: Black Earth Rising e Exame de Consciência!

Como eu ainda estou na estrada e os últimos posts acabaram saindo atrasados, hoje não vai ter textão. Ou seja, uma folguinha pra mim e pra vocês também. Ao invés disso, vou recomendar duas produções excelentes que estrearam na Netflix: Black earth rising e Exame de consciência! Eu ainda quero discutir as duas aqui no Estanteante, mas quem se interessou já pode começar a assistir, e depois nós falamos sobre elas.

Vamos nessa?

Black earth rising

Em Black earth rising, a investigadora Kate Ashby – que foi adotada por uma advogada especialista em direitos humanos após o genocídio de Ruanda – confronta seu passado doloroso ao se deparar com casos relacionados a crimes de guerra. Quem interpreta a protagonista é a Michaela Coel, a atriz principal e roteirista de Chewing gum. Aliás, uma das coisas que mais me impressionou nessa série foi a versatilidade da Michaela. Se em Chewing gum ela mostra seu humor ácido e quase burlesco (muito britânico), em Black earth rising ela desponta como uma atriz dramática completíssima.

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Coel como Kate Ashby na minissérie da BBC, Black earth rising (Fonte)

A produção é na verdade uma minissérie dividida em oito capítulos, cada um deles com pouco menos de uma hora. O grande dilema se desenrola quando um líder miliciano de Ruanda, vai a julgamento por supostos crimes de guerra. Enquanto Kate acredita que ele deve ser inocentado (já que ele ajudou a acabar com o genocídio do qual ela mesma foi vítima) sua mãe, Eve, é a promotora do caso, responsável pela acusação. O processo abala o relacionamento entre mãe e filha, ao mesmo tempo que força Kate a enfrentar feridas de um passado que ela julgava esquecido.

Black earth rising traz temas difíceis, mas vale a pena assistir. No papel de Kate Ashby, Michaela Coel mostra toda a amplitude do seu talento com uma interpretação sincera, muito visceral e emocionante. Recomendo demais! Sério, não deixem de ver.

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Black earth rising discute repercussões da guerra civil em Ruanda (Fonte)

Exame de consciência

Exame de consciência é uma série documental. A exemplo de outro documentário que eu também já recomendei aqui, An open secret, ela trata sobre pedofilia e abuso sexual. De novo, é um tema difícil de assistir – e eu sei que nem todo mundo consegue ver esse tipo de produção, especialmente quando se trata de casos reais. É fundamental a gente aprender a respeitar os próprios limites, não se forçar a assistir coisas que podem ser um gatilho emocional. Não interessa se é um “clássico”, se é um filme importante ou se todo mundo está assistindo; se aquilo não vai te fazer bem, não precisa ver. E se alguém te falar o contrário, esse alguém é um babaca que deve ser ignorado (sério).

Dito isso, se você puder, Exame de consciência é uma série que merece muito ser vista. Ela investiga acusações de abuso sexual infantil em instituições católicas na Espanha, mostrando como os padres se aproveitam da sua posição de autoridade (e da confiança inspirada pela batina) para atacar as vítimas sem levantar suspeitas. Meninos que hoje, depois de adultos, foram capazes de romper o silêncio e desmascarar seus abusadores. Além dos depoimentos corajosos dos sobreviventes, a série traz ainda entrevistas com os membros do clero, jornalistas e especialistas no assunto.

exame de consciência

Exame de consciência estreou na Netflix no último dia 25 de janeiro (Fonte)

São apenas três episódios, cada um com cinquenta minutos, então dá para considerar a produção como um documentário único e até assistir tudo de uma vez. Apesar disso, eu acho que é uma boa ideia dar uma pausa entre um episódio e outro, porque como eu já disse, é um assunto complicado. E, apesar de importante, muito difícil de ver.

Então não esqueça: coloque essas duas séries na lista, e dê uma olhada quando puder.


Sexta-feira tem mais textão para vocês, e semana que vem eu conto mais sobre essas duas séries incríveis. Até lá, sigam a gente no Twitter, no Facebook e no Instagram!